Feirantes de Rio Branco relatam crise nas vendas durante obra do Mercado Elias Mansour: 'Sobrevivendo'
26/08/2025
(Foto: Reprodução) Com obra 35% concluída, feirantes do AC lamentam atraso e relatam prejuízos nas vendas
"A venda aqui tá no limite. A gente está, simplesmente, sobrevivendo".
Esta fala é de Manoel da Silva, um entre as dezenas de feirantes que aguardam, ansiosamente, pelo término das obras do Mercado Elias Mansour, no Centro da capital acreana.
É que desde o anúncio do realojamento para um espaço anexo, em julho do ano passado, descrito como 'labirinto' pelos feirantes, os trabalhadores relatam dificuldades para vender as mercadorias por falta de clientes.
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Apesar de ter afirmado, em abril de 2024, que a obra ficaria pronta em um ano, o secretário municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Cid Ferreira, negou à Rede Amazônica que a reforma esteja atrasada em três meses, mesmo confirmando que a construção está com apenas 35% de execução.
A previsão de entrega, segundo o gestor, é para fevereiro de 2026. A obra está orçada em R$ 30 milhões, sendo R$ 22 milhões de emenda parlamentar.
"Já saímos da primeira laje e estamos na parte metálica. Mas, é uma obra que achei um monumento turístico que requer os cuidados no momento do acabamento. E ali vamos ter escada e esteira rolante. Teremos elevador, da praça de alimentação, de hortifrutigranjeiros, carne, peixe, essas coisas todas", afirmou ele.
Com a mudança, devido à localização das bancas e a falta de clientes, os trabalhadores disseram que vendas diminuíram drasticamente.
"A gente tem uma expectativa [de] que quando o outro mercado sair, tenhamos uma melhora nas vendas e no capital da gente", complementou o feirante.
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No mercado onde os feirantes estão desde julho, só há mesmo os comerciantes. As bancas ficam repletas de hortaliças, frutas e verduras, mas os clientes quase não aparecem. Os trabalhadores afirmam também que têm dificuldade até para garantir o mínimo para sobreviver.
A feirante Osmilda de Oliveira ressaltou as dificuldades que enfrenta durante mais de um ano em que está no novo local.
"É muito complicado porque todas as bancas estão cheias de mercadorias, mas esse local é muito escondido. Muita gente [que] encontro na rua pergunta onde está minha banca. Muita gente diz que procurou e não me encontrou. Isso aqui é um labirinto e fica escondido. Não tem visualização, então, fica difícil encontrarem", reclamou.
Prejuízos
Os galpões adaptados dificultam o acesso aos setores para quem não conhece o espaço. Mesmo com várias entradas e saídas, a circulação ainda é complicada. Desde que os comerciantes foram realocados, eles relatam que muitos produtos acabam estragando e o prejuízo é grande.
"Logo que a gente veio pra cá, eu tinha R$ 2 mil de capital de giro. O resultado é que hoje não tenho nada, porque acabou tudo nessa 'brincadeira' de comprar mercadoria e se estragar". lamentou Osmilda.
Feirantes lamentam perdas de mercadorias por conta de falta de movimentação em local para onde foram realocados
Aldo França/Rede Amazônica Acre
Em julho do ano passado, os comerciantes que trabalhavam no local e que foram realocados para esse novo espaço, onde poderiam continuar realizando suas vendas, já reclamavam da localização.
À época, o feirante Paulo Cesar afirmou ter chegado com 100 marços de cheiro verde e precisou retornar com 50 unidades para casa. "Eu não tive vendas, joguei um monte fora, o cheiro verde e a rúcula. A chicória e o alface ainda duram. De resto eu jogo fora, já perdi para mais de R$ 350", afirmou na época.
De porta em porta
Osmilda contou que, para conseguir vender parte das mercadorias, algumas vezes sai de porta em porta em seu bairro. "No bairro onde moro, sou muito conhecida. Encontrei uma solução para pagar uma luz ou comprar alguma coisinha para casa, mas nunca sobra. Só dá para suprir a comida, um dia após o outro", apontou ela.
No dia do feirante, que comemorado na última segunda-feira (25), Neide contou que também precisa se virar para sobreviver, por conta das baixas vendas.
"Depois que a gente saiu daquele mercado, eu não vendo quase nada. Vendo R$ 5 por dia. Aí eu tenho que andar por acolá [sic.] para tentar comprar mistura de casa que é a carne e o frango. O pessoal da verdura joga um monte no lixo porque não vende. Eu espero que esse mercado saia um dia [para] que melhore pra nós", torceu ela.
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Divulgação/ Seinfra
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