Flaviano Melo, ex-governador do Acre, morre aos 75 anos em São Paulo
20/11/2024
Presidente do MDB no Acre estava internado no Hospital Albert Einstein desde o dia 9 de novembro. Além de governador, Melo foi prefeito de Rio Branco, senador e deputado federal. Flaviano Melo, MDB, foi governador do Acre, prefeito de Rio Branco, senador e deputado federal
Arquivo pessoal
Após 10 dias internado, o ex-governador do Acre Flaviano Melo (MDB) morreu nesta quarta-feira (20) aos 75 anos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A notícia foi confirmada ao g1 pela assessoria do MDB.
Melo estava internado em São Paulo desde o dia 9 de novembro e havia tido uma piora no quadro clínico de saúde na terça-feira (19), segundo o boletim médico, divulgado pela esposa Luciana Videl.
A morte cerebral foi confirmada no começo da tarde de quarta e os aparelhos que o mantinham vivo foram desligados. Por volta das 16h (horário do Acre), o MDB confirmou a morte. O governo do Acre decretou luto oficial de três dias.
Veja a repercussão da morte de Flaviano Melo
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O presidente do MDB no Acre tratava um quadro de pneumonia desde o dia 6 de novembro. Na última terça-feira (12), ele também passou por um cateterismo. A infecção era considerada sob controle, mas não foi totalmente combatida.
"Às vezes, não entendemos a vontade de Deus, mas confiamos que Ele sabe o que é melhor. Sua sabedoria e grandeza é maior que nossos planos, e Nele encontramos força e esperança", diz um trecho da nota divulgada na terça pela esposa e pelo filho, Leonardo Melo.
Além de governador, Melo foi prefeito de Rio Branco, senador e deputado federal.
Em nota, o MDB informou que o corpo dele deverá chegar em Rio Branco na próxima sexta-feira (22) às 22h.
"O velório será realizado no Palácio Rio Branco, provavelmente na noite de sexta-feira e no sábado, quando acontecerá o sepultamento no cemitério São João Batista, no jazigo da família, onde está sepultado seu avô paterno, Flávio Baptista".
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No dia 17 de novembro, quando Flaviano completou 75 anos, a esposa dele compartilhou registros juntos e torceu pela recuperação do político.
"Estamos aqui no Hospital, planejando uma celebração silenciosa, aguardando com fé e paciência tua recuperação. Mas quero que saibas que meu coração permanece firme e esperançoso. Eu não perco a fé nem por um instante, e em nome de Jesus, profetizo tua cura. A minha oração é clara e cheia de amor: saúde, saúde e mais saúde", publicou.
Flaviano Melo chegou a ser entrevistado por Glória Maria na década de 90
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Último prefeito indicado no período de reabertura política
Flaviano Flávio Baptista de Melo nasceu em 17 de novembro de 1949 em Rio Branco. Filiado ao MDB desde 1969, foi o último prefeito da capital a ser nomeado pelo governo estadual antes da reabertura política pós-ditadura e ocupou o cargo entre 1983 e 1986. Na ocasião, ele foi indicado por Nabor Júnior.
Melo foi ainda o segundo governador a ser eleito por voto direto no Acre e sucedeu Iolanda Fleming, a primeira mulher a governar um estado no Brasil. Ele ocupou o Palácio Rio Branco entre março de 1987 e abril de 1990, e saiu de lá eleito para uma cadeira no Senado Federal.
Ele voltou a se candidatar ao governo do Acre em 1994, mas foi derrotado por Orleir Cameli, tio do atual governador do Acre, Gladson Cameli. Em 1998 tentou se reeleger ao Senado, mas perdeu para Tião Viana.
Em 2000 conseguiu se eleger prefeito de Rio Branco, dessa vez por voto popular. No entanto, ficou no cargo apenas dois anos, renunciando para ser candidato ao governo do Acre. Ele acabou perdendo para Jorge Viana, que conseguiu se reeleger.
Entre 2007 e 2023 ocupou o cargo de deputado federal por quatro legislaturas, tendo, inclusive, votado a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a favor da PEC do teto de gastos, da reforma trabalhista e pela rejeição da denúncia contra Michel Temer, em 2017.
Flaviano Melo foi o segundo governador eleito por voto popular após a DitA no Acre
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Criação de bairros e acusações de corrupção
Durante seu mandato como governador do Acre foi o responsável pela criação de diversos bairros da capital acreana, como Manoel Julião, Tucumã e Universitário I, II e III. Além da instalação dos três reservatórios de água da cidade.
Mas o mandato também gerou controvérsia. Flaviano chegou a ser declarado réu em uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal por peculato e crimes contra o sistema financeiro nacional, no caso conhecido como 'Conta Flávio Nogueira', um esquema que segundo a Justiça Federal do Acre chegou a desviar U$ 1,8 milhão de dólares (o equivalente a R$ 10,4 milhões na cotação atual).
Conforme o processo, julgado pelo STF apenas em 2018, Melo montou com empregados do Banco do Brasil, um esquema de gestão fraudulenta na agência do Centro de Rio Branco para desviar recursos públicos.
"A fraude consistia em abrir conta corrente em nome de pessoa física fictícia, no Banco do Brasil, para transferência de recursos do Fundo de Participação do Estado do Acre. No caso sob comento, a conta foi aberta em nome de ‘Flávio Nogueira’. Os recursos eram aplicados, pelo banco, por um ou dois dias, em fundos de investimento, sendo o principal devolvido aos cofres públicos, permanecendo os rendimentos na conta fantasma, para posterior apropriação pelos fraudadores", diz um trecho.
Flaviano sempre negou envolvimento com o esquema, que chegou a condenar 13 pessoas em 2001. Na decisão, assinada pelo ministro Celso de Mello, o STF determinou a extinção do processo por 'ausência de justa causa'.
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