Indígenas que se perderam durante caçada em floresta são achados após três dias no AC
12/12/2025
(Foto: Reprodução) Homens perdidos em mata são encontrados após três dias de buscas no interior do Acre
Os três indígenas que se perderam em uma mata durante caçada, na última segunda-feira (8), foram encontrados na tarde dessa quinta-feira (11) após três dias. Kenedy Ferreira do Nascimento, de 30 anos, Antônio José Dantas Lima, de 32 anos, e Cleisson Feitosa, de 42 anos, foram resgatados pelos bombeiros e moradores da região sem ferimentos.
O trio saiu para caçar queixadas, um tipo de porco-do-mato que vive em bandos, próximo à Aldeia Matrinchã, em Porto Walter, no interior do Acre, quando se perdeu. Os indígenas são etnia Shawãdawa.
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A chegada dos indígenas à comunidade foi celebrada por amigos e familiares. Um vídeo, que viralizou nas redes sociais, mostra as equipes de resgate com os caçadores chegando de canoa e diversas pessoas às margens do rio.
Algumas mulheres entram na canoa e começam a abraçar os caçadores.
Caçadores foram recebidos com alegria e choro por familiares
Reprodução
O comandante do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, major Josadac Cavalcante, disse que cerca de cinco equipes com mais de 30 pessoas estavam à procura dos homens. O comandante conversou com o cacique da aldeia e ouviu do líder indígena que o trio pode ter fica desorientado durante a caça.
"Eles foram encontrados ontem à tarde e chegaram na aldeia já no final da tardezinha", descreveu.
O plano de resgate dos bombeiros mostra que os caçadores percorreram 75 quilômetros pela mata. O comandante confirmou que os homens tinham espingarda e fogo e conseguiram matar duas queixadas, se alimentando posteriormente dos animais.
"À noite eles faziam abrigo com palha e pernoitavam, com a dificuldade da chuva porque esses dias foram todos dias de chuva, então, eles já estavam bem exaustos, inclusive, a intenção deles era de na sexta-feira não caminhar mais", contou.
Homens perdidos três dias em mata são encontrados após buscas no interior do Acre
Arquivo/Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul
Orientação
Segundo o major, somente este ano, na Região do Vale do Juruá, os bombeiros contabilizam 16 acionamentos para esse tipo de busca de caçador perdido na selva.
O major passou algumas orientações para quem costuma caçar em matas fechadas para evitar futuros acidentes dessa natureza. Antes de sair, o ideal é sempre baixar o mapa offline para que, num caso desse de desorientação, consiga retornar.
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Em caso de desorientação, a pessoa nunca percorrer longas distâncias, sempre ficar mais próximo possível do local onde ficou desorientado.
Tente não andar muito que fica mais fácil de encontrar. Outra coisa que nunca se deve fazer é cruzar algum córrego, igarapé ou rio porque os rios funcionam como as ruas na cidade, formam os quarteirões. Se sair de dentro desse quadrante fica mais difícil de delimitar as buscas porque a gente faz essa delimitação dentro dos quadrantes formados pelos rios e igarapés", destacou.
Outra importante orientação é que, caso a pessoa perdida encontre algum rio ou córrego, sempre andar às margens em direção a foz do manancial.
"É onde tem maior probabilidade de ter comunidade e residências que possa pedir suporte. Quando caminha subindo o curso do rio é melhor, quanto mais vai pra cima, mais próximo das nascentes, mais desabitado é", explicou ele.
Rota percorrida por homens perdidos em mata no interior do Acre
Asscom/CBMAC
Desaparecimento
Os bombeiros chegaram à comunidade para iniciar as buscas pelos caçadores na tarde de quarta-feira (10), após 9h de navegação. O trajeto até a região foi dificultado pelas fortes chuvas registradas ao longo da quarta. Foram mais de 200 km até chegar a comunidade, com 4h de caminhada na mata fechada.
As buscas começaram às 5h na quinta (11). As equipes de resgate foram informadas também que um dos indígenas saiu para caçar no domingo (7) e avistou uma manada de queixada.
Kenedy Nascimento, Antônio José Lima e Cleisson Feitosa continuam desaparecidos em comunidade de Porto Walter
O indígena voltou para a comunidade e convidou os outros dois amigos para irem atrás dos animais com o objetivo de voltar no mesmo dia.
Preocupados com o sumiço, os familiares resolveram por conta própria procurá-los próximo à Comunidade Matrinchã, que fica na região do Igarapé Nilo, um dos afluentes do Rio Cruzeiro do Vale.
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